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segunda-feira, 28 de março de 2011

60 Anos do Unicef No Brasil


 O unicef, completou 60 anos de atuação no Brasil,  e nós do movimento não podiamos ficar de fora.
Nos dias 26 e 27, Jacqueline Vieira (Coord do Programa Baú de Leitura) nos representou neste evento de tamanha grandeza que contou com a presença de Renato Aragão, Ludi  Baricelli,Leonardo Miggiorin e toda a equipe que faz o unicef no Brasil.
    
Discurso 
Falar do UNICEF é falar da minha própria vida, de como reconquistei o direito de sonhar e de crescer com cidadania e de como acredito que esse direito pode alcançar outras crianças do Semiárido e de todo o Brasil.
Tive uma infância complicada, parecida com a de muitos meninos e meninas que já cresceram e ainda crescem no Brasil. Nona filha,fui abandonada por meus pais e criada por uma irmã adotiva com muita dificuldade. Sempre quis estudar mas, por falta de documentos, esbarrava na escola fechada.  Aos seis anos, fui acolhida por uma das várias ONGs apoiadas pelo UNICEF, onde fui verdadeiramente abraçada como uma filha. Fui então apresentada aos livros, suas letras e histórias, aprendi a ler e a interpretar, discutir sobre o mundo tendo a realidade do Semiárido como base.
Fiz daquela oportunidade minha vida, me dedicando a tudo o que era oferecido como uma chance de mudar o meu destino. Além dos livros, dediquei meu tempo a oficinas de teatro, dança, música, esportes, reforço escolar e reciclagem. Aos nove, quando finalmente consegui os documentos para freqüentar a escola, já havia aprendido a ler, já sabia o que queria ser no futuro: queria oferecer às crianças e aos adolescentes da minha região a mesma oportunidade, o mesmo abraço de esperança que tive.
Desde os 14 anos, portanto, ajudo a mobilizar jovens para discutirem seus direitos junto a entidades sociais e autoridades governamentais, estimulando a organização coletiva para conquistar melhorias seja na escola, nas ruas ou nas suas próprias vidas. Passei a atuar junto a ONG que me acolheu, realizando parcerias com outras organizações também apoiadas pelo UNICEF.
Hoje, sou multiplicadora do Baú de leitura na minha cidade e estudante de pedagogia. Capacito futuros multiplicadores, conto histórias e ajudo com meu trabalho a melhorar um pouco a vida de 500 crianças da minha região. Vejo claramente o poder que as palavras tem com cada uma, o poder que uma oportunidade tem em transformar a vida de milhares e milhares de adolescentes por todo o Brasil.  Graças ao UNICEF, cada criança, independente da história que traz, pode escrever uma vida feliz. Trabalho por acreditar em mundo melhor, um mundo que me foi mostrado pelo UNICEF e que quero levar para todos.
Em 2004, tive a oportunidade de ouvir o Renato Aragão dizendo que se mil vidas tivesse mil vidas ele seria embaixador do UNICEF. Nesse momento, lágrimas rolaram em meu rosto. Senti tanta vontade de dar-lhe um abraço e dizer obrigado por ele existir, obrigado por ele ser embaixador do UNICEF e por ajudar a mudar a vida de milhares de crianças do Semiárido, de fazê-las sorrir em uma vida mais digna. Obrigada, Renato.
Gostaria de terminar dizendo que me tornei um ser humano melhor graças às oportunidades que tive durante essa caminhada com o UNICEF.