O homem que serviu à humanidade
POR OSWALDO FAUSTINO E CELSO FONTANA
O ano de 1944 foi marcante na vida de Mandela, que se casou com Evelyn Mase, parente de Sisulu. A união durou 12 anos e resultou no nascimento da menina Maki, que morreu ainda bebê, do menino Thembi, de outra garota também chamada Maki e, por fim, o caçula Kgatho. No mesmo ano, com Sisulu e Tambo, ele fundou a Liga Juvenil do CNA, que lançou o manifesto "Um homem, um voto", denunciando a ilegalidade da dominação da minoria branca, até então vista com naturalidade. Começou a experimentar a popularidade e suas consequências exatamente nesse período.
Com a sua ascensão na estrutura do CNA, disputou as eleições de 1948, mas perdeu para o Partido Nacional de extrema direita, que estabeleceu o regime segregacionista do apartheid e promoveu a cultura africânder dos descendentes de colonos calvinistas holandeses, chamados bôeres, e demais europeus oriundos de outros países. Estes decidiram tomar as terras dos negros, mestiços e indianos, e criaram os bantustões - assentamentos reservados para a população não branca -, dos quais os moradores só podiam sair para trabalhar nos bairros dos brancos mediante a apresentação de um passe, que limitava o trânsito de sul-africanos pelo país.
À medida que a opressão aumentava, os manifestos se multiplicavam. Inicialmente pacíficos, como a ocupação pelos negros dos espaços reservados aos brancos. A primeira prisão de Mandela durou apenas dois dias. Outras a sucederam, com aumento do tempo de encarceramento, até ele ser condenado a nove meses de trabalhos forçados, sob a acusação de envolvimento com o comunismo. A pena acabou sendo suspensa, mas ele ficou proibido de qualquer atividade política.